Para ser chamada de salada só faltou usar a redoma como
tigela...
Midseason é tempo de coisas fracas (e True Blood), época em que poucas produções estreiam na terra do tio Sam e muito menos na TV aberta (salvo algumas séries cuti cuti da ABC Family). Mas se teve alguma série da midseason que causou excitação a cada promo divulgada não foi nem True Blood, e sim Under The Dome.
A nova série da CBS baseada no livro homônimo de Stephen
King conta a história dos fofíssimos cidadãos da sempre cativante e
hospitaleira Chester’s Mill, que vivem felizes e saltitantes essa vida do
interior (puxe o “r” o quanto quiser). Uma população composta pela gata da Angie
(Britt Robertson), que fica se enroscando com Junior Rennie (Alexander Koch), que
tem uma obsessão nível Criminal Minds por balisongs. Juninho é filho de Big Jim
(Dean Norris), vereador da cidadezinha e dono do principal comércio de carros
da cidade (no melhor estilo político camarada amado por todos).
Quem também é bastante conhecida em Chester’s Mill é Julia
Shumway (Rachelle Lefevre), a intrépida repórter esposa do médico da cidade que
desaparece misteriosamente, quem parece saber onde está o marido de Julia é
Dale (Mike Vogel), que tem um passado bastante obscuro, deve ser porque o
apelido dele é Barbie, ou seja...
Tudo vira uma confusão só quando um campo de força
misterioso envolve a cidade, deixando essas personalidades que eu falei acima e
mais uma cambada de gente presa. Logo Big Jim começa a ter delírios de poder
por ser a única figura política que restou dentro da cidade, Jimzão bate de
frente com o xerife Perkins (Jeff Hafey), que começa a ter palpitações no
coração após a cidade ser envolta nessa redoma impenetrável e invisível. Ele
não é o único a ter problemas de saúde por causa da redoma, Norrie (Mackenzie
Lintz) tem uma convulsão misteriosa após a aparição do campo de força com
direito a frases proféticas do tipo “as estrelas vão cair”. Quem também se
debate no chão falando de estrelas caindo é Joe (Colin Ford), irmão de Angie,
que é aprisionada num abrigo anti-bombas pelo Juninho, que acredita essa ser a
oportunidade deles viverem felizes para sempre.
Séries de suspense já têm formula definida desde antes de
Lost (apesar de ela ser um marco do gênero), com Under The Dome não é tão
diferente, temos o mistério de o que diabo de coisa é a redoma? E qual é a
dessa história de “as estrelas vão cair”? E por que só os jovens são afetados
por essas visões? Se é que podemos chamar de visões... Mistérios nós teremos,
com a promessa de serem desvendados pela dupla de radialistas locais Phil
(Nicholas Strong) e Dodee (Jolene Purdy), apesar de ver a falta de destaque e
desenvolvimento deles um dos principais problemas do piloto, uma vez que são
personagens cativantes e que deveriam ter tido a interação entre eles bem mais
explorada, garantindo uma melhor identificação com o publico caso eles venham a
ter (e eu acredito que terão) uma importância maior no desenrola da trama.
O que difere Under The Dome de todas as outras séries é a
mistura de gêneros e temáticas, algo que acredito ter marcado presença na obra
de King, não li Sob a Redoma, mas os outros livros que li do autor conseguem
caminhar entre temáticas com elegância e naturalidade. Logo no primeiro episódio
já dá pra notar que cada personagem tem um passado sombrio. A aparição da
redoma irá fazer toda essa vida fofa de Chester’s Mill desmoronar aos poucos,
logo no piloto nota-se isso com a surtada de Juninho e o confronto entre Big
Jim e Perkins, a situação em que se encontra os moradores da cidade dá margem
para explorar o drama de Angie e Joe serem dois irmãos sozinhos num mundo tão
familiar que se torna assustador, além da busca de Julia pelo marido e a
redenção de Dale que, ao que tudo indica, irá se envolver cada vez mais com os
moradores da cidade. Podemos talvez presenciar a homofobia ser abordada sob um
novo espectro, uma vez que Norrie é filha de um casal de lésbicas.
A atuação de todos os atores ainda não dá vazão para
comentar os destaques, tanto positivos quanto negativos, apesar de achar que a
atuação de Alexander Koch como Juninho ainda não chegou lá, mas ainda é cedo
para definir onde fica o “chegar lá”. Por outro lado, a ambientação não deixa a
desejar, a CBS gastou uns belos e bem aplicados milhões na produção do piloto e
é uma aposta arriscada que já surtiu um recompensador efeito: 13,2 milhões de
espectadores só no piloto.
Lógico que não dá pra se jogar nos braços dessa salada de gêneros
que é Under The Dome e declarar amor eterno e incondicional a série, séries de
suspense pode te surpreender com a mesma facilidade com que decepcionam. Resta
saber de que lado da redoma ela vai ficar...
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