quinta-feira, 2 de maio de 2013

Orphan Black – 1x01: “Natural Selection” e 1x02: “Instinct”




Tudo aquilo que Ringer queria ser e mais um pouco.


Alguém aí se lembra de Ringer? Aquela sensacional (só que não!) série da CW que prometia trazer Sarah Michelle Gellar de volta ao estrelado com direito ao status de atriz plural ao americanizar Paola Bracho e suas respectivas duplicatas. Piadas a parte, a série foi um fiasco e só não caiu no esquecimento eterno porque chegou Orphan Black, série da BBC America que pode ser até a prima pobre de Ringer, mas de jeito nenhum é a ovelha negra da família (tu dum tiss!).

A série conta a história de Sarah (Tatiana Maslany), uma órfã que cresceu nas ruas e agora tenta acertar sua vida para viver feliz e saltitante ao lado de sua cria, Kira (Skyler Wexler), e seu melhor amigo Felix (Jordan Gavaris). Sarah vê sua oportunidade de ouro quando testemunha uma mulher se suicidar, o curioso é que a mulher, Elizabeth Childs, é idêntica a Sarah, que decide assumir a identidade da morta, uma detetive que tem (só) 75 mil Obamas guardados em sua conta do banco, mais que o suficiente para reconstruir sua vida. O “porém” é que a senhorita Elizabeth está passando por uma interrogação interna após um tiroteio que ocasionou na morte por engano de um civil, isso sem falar que o parceiro de Beth, Art (Kevin Hanchard), está no encalço da guria, que também tem seus problemas de relacionamento com seu marido, Paul (Dylan Bruce).

A chance de ouro de Sarah vira uma bola de neve quando ela descobre que existem mais pessoas semelhantes a ela, semelhantes não, idênticas a ela! Incluindo uma alemã, uma dona de casa do subúrbio e uma italiana, e só então Sarah descobre que ela e todas as suas gêmeas são clones que alguém quer eliminar.

É muito errado comparar Orphan Black com Ringer, mas naquela roda de amigos é mais fácil falar “é tipo Ringer, só que melhor” do que descrever toda a série pra pessoa. O ponto é que Orphan Black consegue cativar logo nos seus primeiros minutos, todo mundo se identifica com personagens que tem a vida ferrada, talvez pelo fato de que nossa vida é tão ferrada quanto, assim penso. A série não é pretensiosa, não tenta dar um passo maior que a perna e apresenta seus plots e a solução para eles com naturalidade, embora considere desnecessário algumas cenas de nudez no piloto.

Tatiana Maslany consegue carregar o peso de interpretar vários personagens com competência, acredito que grande parte do êxito vem do fato de ser uma atriz com pouco destaque, o que evita cobranças. Sim, seu sotaque e caracterização como a versão alemã está nível novela da Glória Perez, mas ela se jogou de cabeça nos seus múltiplos papéis, trazendo trejeitos diferentes para cada clone, isso sem falar que sua atuação faz Sarah ficar cada vez mais interessante, uma vez que a guria precisa ajeitar sua vida para criar a filha, ao mesmo tempo em que precisa fugir do assassino, dar um pé na bunda do parceiro chato e tentar dar um chá de sumiço para o namorido parar de cobrar “você não me ama, você não me quer...”

Orphan Black só tem a ganhar com as diversas decisões extremas que a protagonista precisa tomar, uma vez que os problemas se acumulam e não há para onde fugir no momento, é surpreendente como as decisões tomadas por Sarah e os outros personagens são imprevisíveis e cruciais para o desenvolvimento da trama, Orphan  Black é tímida, despretensiosa e uma das melhores estréias do ano.

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