Tudo aquilo que Ringer queria ser e mais um pouco.
Alguém aí se lembra de Ringer? Aquela sensacional (só que
não!) série da CW que prometia trazer Sarah Michelle Gellar de volta ao
estrelado com direito ao status de atriz plural ao americanizar Paola Bracho e
suas respectivas duplicatas. Piadas a parte, a série foi um fiasco e só não
caiu no esquecimento eterno porque chegou Orphan Black, série da BBC America
que pode ser até a prima pobre de Ringer, mas de jeito nenhum é a ovelha negra
da família (tu dum tiss!).
A série conta a história de Sarah (Tatiana Maslany), uma órfã
que cresceu nas ruas e agora tenta acertar sua vida para viver feliz e
saltitante ao lado de sua cria, Kira (Skyler Wexler), e seu melhor amigo Felix
(Jordan Gavaris). Sarah vê sua oportunidade de ouro quando testemunha uma
mulher se suicidar, o curioso é que a mulher, Elizabeth Childs, é idêntica a
Sarah, que decide assumir a identidade da morta, uma detetive que tem (só) 75
mil Obamas guardados em sua conta do banco, mais que o suficiente para
reconstruir sua vida. O “porém” é que a senhorita Elizabeth está passando por
uma interrogação interna após um tiroteio que ocasionou na morte por engano de
um civil, isso sem falar que o parceiro de Beth, Art (Kevin Hanchard), está no
encalço da guria, que também tem seus problemas de relacionamento com seu
marido, Paul (Dylan Bruce).
A chance de ouro de Sarah vira uma bola de neve quando ela
descobre que existem mais pessoas semelhantes a ela, semelhantes não, idênticas
a ela! Incluindo uma alemã, uma dona de casa do subúrbio e uma italiana, e só
então Sarah descobre que ela e todas as suas gêmeas são clones que alguém quer
eliminar.
É muito errado comparar Orphan Black com Ringer, mas naquela
roda de amigos é mais fácil falar “é tipo Ringer, só que melhor” do que
descrever toda a série pra pessoa. O ponto é que Orphan Black consegue cativar
logo nos seus primeiros minutos, todo mundo se identifica com personagens que
tem a vida ferrada, talvez pelo fato de que nossa vida é tão ferrada quanto,
assim penso. A série não é pretensiosa, não tenta dar um passo maior que a
perna e apresenta seus plots e a solução para eles com naturalidade, embora
considere desnecessário algumas cenas de nudez no piloto.
Tatiana Maslany consegue carregar o peso de interpretar
vários personagens com competência, acredito que grande parte do êxito vem do
fato de ser uma atriz com pouco destaque, o que evita cobranças. Sim, seu
sotaque e caracterização como a versão alemã está nível novela da Glória Perez,
mas ela se jogou de cabeça nos seus múltiplos papéis, trazendo trejeitos
diferentes para cada clone, isso sem falar que sua atuação faz Sarah ficar cada
vez mais interessante, uma vez que a guria precisa ajeitar sua vida para criar
a filha, ao mesmo tempo em que precisa fugir do assassino, dar um pé na bunda
do parceiro chato e tentar dar um chá de sumiço para o namorido parar de cobrar
“você não me ama, você não me quer...”
Orphan Black só tem a ganhar com as diversas decisões
extremas que a protagonista precisa tomar, uma vez que os problemas se acumulam
e não há para onde fugir no momento, é surpreendente como as decisões tomadas
por Sarah e os outros personagens são imprevisíveis e cruciais para o
desenvolvimento da trama, Orphan Black é
tímida, despretensiosa e uma das melhores estréias do ano.
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