Uma ode a uma das melhores comédias de todos os tempos.
É um tanto quanto curioso como eu cheguei a 30 Rock, meu
primeiro contato com a série era no finado Séries Etc, ainda que eu só via
noticias e ainda não fazia idéia do que se tratava a série, embora acreditava
fielmente que, se todo mundo falava que era bom, eu também deveria falar
(poser!). Só fui realmente assistir a série uns anos atrás quando ela estreou
na TV aberta com o nome de Um Maluco na TV (?!), devidamente dublada e
sacaneada pela transmissão de merda da Record, que parou a exibição/mudou de
horário por motivos de sabe-se lá Deus por que.
Depois de muito perdurar, achei nas interwebs as primeiras
temporadas, e comecei com um misto de desleixo a ver a série, do tipo um
episódio a cada mês, até que virei espectador assíduo e cá estou eu! Sete anos
depois, para destilar todo esse amor pela dona Tina Fey e sua série! Pra quem
não conhece a série, por favor fique envergonhado e depois corre atrás dessa
comédia que conta a história de Liz Lemon (Tina Fey, a prova viva de que
comédia pode ser muito sexy), uma peculiar roteirista do The Girlie Show, um
programa de comédia nos moldes do SNL que conta como estrela a egocêntrica
Jenna Maroney (Jane Krakowski), tudo ia bem até que Jack Donaghy (Alec Baldwin)
assume a presidência do estúdio e exige que o TGS tenha como estrela o
amalucado Tracy Jordan (Tracy Morgan), a comédia parte desse ponto e desenvolve
a amizade mentor-pupilo entre Jack e Liz, com ele ajudando a roteirista a
equilibrar trabalho e vida amorosa.
Grande parte da genialidade de 30 Rock está no não se levar
a sério, é gratificante depois de tantas porcarias que tem na TV ver uma série
que consegue caminhar entre o humor pastelão e a comédia inteligente de referencia
com maestria, sem soar forçado, tirando sarro da própria NBC e da TV em geral,
com suas séries e escolhas estratégicas de qualidade duvidosa para conseguir
audiência, prova disso são os programas bizarros que surgiram ao longo da
série: o game show Sinônimos, Queen of Jordan (o reality show nos moldes da
Bravo! Que contava o dia-a-dia da esposa de Tracy), Seinfield Vision, BitchHunter com a ilustre participação de Will Ferrel.
Por falar em participação especial, não posso deixar de
citar varias das personalidades que passaram pela série, graças à influência de
Tina Fey e Lorne Michaels, que fizeram vários amigos nos tempos de SNL, ao
longo dos sete anos de 30 Rock, já tivemos participação de Will Ferrel, Matt
Damon (Carol, o piloto de avião namorado de Liz), Jerry Seinfield, Bryan
Cranston, Jennifer Anniston, Chloe Grace Moretz, Salma Hayek, Julianne Moore
(sendo as duas ultimas namoradas de Jack), Al Gore, Cindy Lauper, Bon Jovi, Kim
Kardashian, Patty LuPone, Oprah Winfrey, John Lithgow, Queen Latifah, David
Shwimmer (no papel de Greenzo, o mascote ecologicamente correto da NBC), Andy
Samberg, Emma Stone, Elizabeth Banks, Jon Hamm, Buzz Aldrin, Edie Falco, James
Franco, Denise Richards (La piscine, j’adore La piscine), Kelsey Grammer,
Matthew Broderick e mais outra cambada de gente, gente que eu nem sabia quem
era quando vi o episódio pela primeira vez porque ainda era iniciante no mundo
das séries (ainda sou, eu acho).
Mais uma vez, digo que 30 Rock conseguiu caminhar
tranquilamente entre gêneros e estilos sem perder a linha, prova viva foram os
episódios transmitidos ao vivo na 5ª e na 6ª temporada, que usaram e abusaram
da versatilidade desse formato descompromissado que é a TV ao vivo, na verdade,
descompromissado é a palavra que rege a existência de 30 Rock, ao apresentar um
humor crível e pertinente, apesar de inteligente, você não tinha a necessidade
suprema de saber tudo sobre todos, dá pra assistir numa boa e, por mais que não
pegue algumas piadas, sempre tem algo na série que faz rir.
30 Rock faz rir sem doer a barriga, ela é maior que isso,
faz rir com sua elegância, classe, inteligência e simplicidade, essa mistura de
antíteses é a que faz 30 Rock bem-sucedida na sua missão de entreter e, diga-se
de passagem, trazer um belo de um puxão de orelha nos workaholics da vida. Liz
e Jack são opostos que se atraem, ela tenta equilibrar a vida com um trabalho
que exige pulso firme demais, ele busca um certo fugere urbem ao mesmo tempo em
que o universo empresarial em que foi criado o puxa de volta para esse mundo de
cão come cão. É curioso analisar a série por esse ponto filosófico, mas não
menos interessante, considerando o fato que Liz e Jack se ajudam ao longo da
série, cada um corrigindo as falhas do
outro, muitas vezes contando com o apoio de Tracy, Jenna e Kenneth,
fazendo valer a idéia de que a melhor ajuda que podemos ter pode acabar vindo
da pessoa mais inusitada possível.
Só não digo uma coisa: 30 Rock vai deixar saudade. Afinal, a
série trouxe episódios e momentos tão inesquecíveis que dá pra serem revistos
varias vezes sem enjoar, lógico que nada tira o gosto de um episódio inédito
toda semana, mas não se preocupem, Tina Fey é incrível, certeza que ainda vamos
ouvir falar muito dela por aí.
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