terça-feira, 11 de junho de 2013

Sai de Baixo – Episódios Inéditos #1: “Tudo Será como Antes”




A era de ouro da comédia brasileira volta, para o bem ou para o mal...

Há de se ponderar muito quando uma série morta e enterrada pelo publico (e até pelos atores) volta com episódios novos, muitos torceram o nariz para o retorno de Arrested Development promovido pelo Netflix, outros acham a idéia de uma nova temporada de 24 Horas o ápice da escassez criativa e que o filme de Veronica Mars vai estragar todas as boas lembranças que tínhamos da série criada por Rob Thomas. A verdade é que Sai de Baixo aplica e não se aplica a essa realidade, é questionável ressuscitar a série da Globo que encerrou à 11 anos atrás e firmou o nome de Miguel Falabella na comédia brasileira, uma vez que a admiração do publico e toda essa idolatria pela criação de Daniel Filho poderiam muito bem ser deturpadas por um péssimo retorno. Por outro, vale como um laboratório, ver se o formato criado para a comédia anos atrás ainda consegue se manter atualizado, dando segurança para novas produções nesses moldes, talvez? (o Multishow vai estrear a nova Vai que Cola? Pegando carona no formato, ao que tudo indica). Isso sem falar que é um deleite aos olhos rever toda essa atmosfera descompromissada e improvisada que era o dia-a-dia dos moradores do Largo do Arouche de volta, apresentar isso para os mais novos também é valido, eu que sou dessa época lembro bem pouco e tem situações/piadas que ultrapassaram gerações (“Cala a boca, Magda!”)

Nesse primeiro episódio, Caco (Miguel Falabella), Magda (Marisa Orth), Vavá (Luís Gustavo) e Cassandra (Aracy Balabanian) retornam ao seu antigo apartamento no Largo do Arouche, convidados por um anfitrião misterioso que tem como mordomo o fancês de Guaianazes Jean Jacques/Felipe/Marcel/Paulo/Charles (Tony Ramos, sensacional como de costume). Dadas as devidas apresentações e já esclarecendo que Caco passou anos preso na Dinamarca desbravando sua Arvore Ginecológica (?!), Magda foi deportada da Dinamarca e foi parar no aeroporto de Cumbica. Enquanto isso, Vavá vira uma espécie irmão Villas-Boas solo desbravando a Amazônia e Cassandra vai morar com uma tia pão-dura. Lógico que a oportunidade de mudar de vida surge quando descobrem que a tal da anfitriã é a antiga empregada Neide Aparecida (Márcia Cabrita), convidando os ex-patrões para exibir seus dinheiros.

Mantendo-se simples na história e desenvolvimento, Sai de Baixo ainda consegue trazer boas surpresas graças ao elenco, que sempre foi e sempre será o carro-chefe da atração, quebrando a tal da quarta parede e interagindo com o publico, cativando mais ainda. “Tudo Será como Antes” não se sustentou apenas na nostalgia de rever a série, mas no bom roteiro, com piadas ótimas (ok, aquela do tomate já ficou velha, mas ainda vale) e situações que resgatam o universo da série e que dão a brecha para o meu “para o bem ou para o mal” no inicio do texto.

O retorno de Sai de Baixo só faz questionar como andam as comédias nacionais (em especial, as da TV aberta), lógico que a Globo é o principal expoente nesse quesito e apresentou muitas coisas legais nos últimos anos (#sdds Separação), mas nenhuma foi tão boa como Sai de Baixo (desculpa, Marcelo Adnet), acredito que o retorno da série pode ser a sentença de morte de muitas outras, uma vez que o publico vai ver como Miguel Falabella e Marisa Orth conseguiam fazer mais com menos e vão migrar para coisas melhores, e o que nós temos nesse nível atualmente na TV aberta brasileira?! Zorra Total?! Pfff! Malemá conseguimos ver algo bom assim nas séries gringas... Mas ainda há esperança: a volta de Sai de Baixo, ainda que para só quatro episódios, pode dar inicio a uma nova fase na comédia tupiniquim, trazendo de volta o humor de improviso pontual e pertinente que ela apresenta. Enfim, esses novos episódios de Sai de Baixo são um presente para os fãs, uma iniciação para os mais jovens e (por que não?) uma inspiração para a TV brasileira.

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