Porque às vezes é preciso se distrair para focar no que é importante.
Esses dois episódios foram a confirmação de como será o tom da série:
contando o caso do assassinato da guria morta e a vida pessoal de Marty e Rust
com calma, sem pressa e construindo a relação entre eles com uma coerência
empolgante.
“Seeing Things”deu uma bela introdução de como é a vida pessoal da dupla
e de como cada uma dessas vidas pode atrapalhar na investigação e vice-versa,
fomos apresentados à Lisa Tragnetti (Alexandra Daddario), amante de Marty cujo
caso extraconjugal não é passado despercebido por Rust e origina um
interessante confronto entre os dois parceiros. Rust continua uma incógnita,
temos bons momentos em que conseguimos compreender o que é ele e qual a sua
visão de mundo, mas ainda assim ficamos na duvida sobre as intenções do
personagem.
“The Locked Room” dá um belo salto na investigação de Dora Lange e mais
momentos de tensão entre Marty e Rust. Dá pra começar a compreender por que Marty
fica tão na defensiva com relação à Rust, como disse, ele é uma incógnita. Como
confiar a vida a alguém que é impossível de decifrar e que passa mais de
catorze horas vendo fotos de cadáveres na esperança de conseguir uma luz a
cerca do caso?
Marty continua cada vez mais cético, conquistando nossa antipatia por ser
um completo filho da mãe no trabalho, com a amante e com a mulher (Michelle
Monaghan). O núcleo familiar de Marty, infelizmente, concentra todos os pontos
fracos de True Detective, não conseguindo fugir do lugar comum, mas bem que
eles tentar, o que já é uma coisa boa.
Vale ressaltar a capacidade de True Detective de não precisar de tiros,
explosões ou Michael Bay para construir tensão, uma vez que ela reside no
desconhecido e no imprevisível. Seja na reação de Marty ao descobrir que a
amante tem outros casinhos (safada!) ou na forma como o caso é desenvolvido.
O cliffhanger do terceiro episódio exemplifica a atmosfera de incertezas
que é True Detective, o roteiro é tão bem trabalhado para explorar as facetas
de Marty e Rust a partir do modo como eles se relacionam com o caso que cada
pista descoberta abre dezenas de portas para o desenvolvimento dos dois
detetives.
Esse ponto é algo em que muita gente não está conseguindo entender: por
mais interessante que seja o caso, ele só está lá para dar apoio e deixar Marty
e Rust contarem suas histórias. É tipo Lost (só que melhor), não é uma série sobre
detetives investigando casos, é uma série sobre pessoas.
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