Porque a carapuça serve. E como!
A série britânica do E4, mesmo canal que trouxe Skins e a
linda, maravilhosa e injustamente cancelada Sirens (#sdds Ash) conta a história
de Rae (Sharon Rooney), uma adolescente obesa que passou quatro meses numa
instituição psicológica para tratar de uma tentativa de suicídio por causa de
sua compulsão por comida e os frequentes abusos cometidos pelos seus antigos colegas
de escola.
Ela retorna para a casa da excêntrica mãe (Claire Rushbrook,
da lindona The Fades), controladora que só, a mãe de Rae não tem muito que
fazer quando a guria volta a se enturmar com Chloe (Jodie Comer), amiga de
infância e agora um mulherão que anda com sua turma composta por Izzie (Ciara
Baxendale), Chop (Jordan Murphy), Archie (Dan Cohen) e Finn (Nico Mirallegro). Rae
se torna parte do grupo, e ao mesmo tempo em que se socializar ajuda na sua recuperação,
os problemas e inseguranças aparecem.
Pontuada por uma trilha sonora deliciosa de se ouvir que vai
de Oasis até Beastie Boys (só amor pra sequencia do piloto em que Rae coloca “Sabotage”
na Jukebox) e uma edição do balacobaco, My Mad Fat Diary surpreende pelo
carisma de absolutamente todos os personagens. A começar por Rae que causa uma
identificação tremenda com tudo mundo, ela é o resumo das inseguranças de todo
adolescente e os demais integrantes do grupo não ficam atrás, principalmente ao
se tratar das paixões não correspondidas entre Izzie e Chop (um dos plots secundários
mais gostosos de ver). A identificação com os personagens é o que chama a
atenção na série, ponto para o roteiro que trabalha bastante as motivações de
cada um dos personagens, fugindo do lugar comum e brincando com clichês de
produções do gênero.
Interessante também é ver a evolução da interação de Rae com
o grupo, começando por uma paixão fofinha com Archie até a definição de Finn
como muso eterno do coração da Rae (do tipo que faz a menina chorar só de olhar
pra bunda dele). Funcionou tudo de forma tão natural e crível que as sacadas do
roteiro (como essa da bunda comovente) não são a cereja do bolo, são só o creme
na cobertura. Até porque a cereja no bolo mesmo é o núcleo do hospital, destaque
para as ótimas cenas entre Rae e o Dr. Kester (Ian Hart), as piadas com o
Doutor bonitão (“it’s a heavy period!!”) e as interações regadas à lágrimas
entre Rae e Tix (Sophie Wright).
É lógico que metade da delicia que é ver My Mad Fat Diary se
dá pela maravilha que é o elenco, com boas surpresas vindas do elenco juvenil e
com atuações boas-dimais-da-conta vinda dos mais velhos, coisinha sensacional o
Kester!
Já comecei a segunda
temporada e em breve comentarei ela aqui. Corre já pra ver que são só seis episódios
por temporada, é britânica, tem gente bonita e tem Oasis. Precisa de mais
motivos que esses?
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