Uma temporada com mais problemas do que elogios.
Damages mudou de casa e trouxe uma temporada que causava
ansiedade em todos por abordar questões como a guerra do Afeganistão, as
operações secretas da CIA e a privatização de serviços do governo. Promessa de
uma temporada polemica que se realizou, mas não por causa do tema, mas sim pelo
desenrolar da carroagem.
Primeiro de tudo, deixo aqui minha estranheza causada pela
liberdade proporcionada pela mudança de canal, na época do FX não tínhamos nudez
ou palavrões, sim, isso não prejudica em nada, mas estávamos acostumados com
uma série de um determinado jeito e mudaram completamente, no mínimo fica desconfortável.
A verdade é que essa 4ª temporada de Damages não parecia com
Damages, os tão instigantes flashforwards e flashbacks sumiram em alguns
episódios, quebrando a narrativa não-linear que a série tinha construído. Para
se ter uma idéia: enquanto na 1ª temporada o flashforward que acompanha Ellen
sendo julgada pelo assassinato do seu noivo avança paralelo à história
principal, nesta atual temporada o flashforward aparece episódio sim episódio
não e só repete o que mostrou na Season Premiere: Ellen chorando frente a um
corpo. Isso sem falar da ausência da paleta de cores mudada para cada
narrativa, nos tempos de FX os flashforwards tinham uma paleta de cores frias e
os flashbacks cores quentes. Na 4ª temporada esse recurso foi muito pouco
utilizado, desvirtuando completamente a série. A edição pecou muito em Damages,
não sendo tão ágil quanto antes, não dá pra saber se foi uma decisão do canal,
dos roteiristas ou se a equipe de edição simplesmente ignorou o que a série
apresentava no FX.
Por falar em roteiristas, eles pecaram em desenvolver a
história dessa temporada, poxa, tínhamos apenas 10 episódios que poderiam
trabalhar o roteiro com bastante agilidade, mas o que vemos foi uma história
que só engatou mesmo a partir do episódio 7 e nem por isso o roteiro deixou de
ter problemas. Algumas soluções foram previsíveis demais, como Ellen ser
testemunha contra Patty no caso da guarda da neta, ou Patty reabrir o caso
Erickson mesmo após ter falado pra Ellen que não iria fazer isso. Isso sem
falar de na Season Finale colocarem um flashback muito do mal feito para
mostrar que o Sanchez (Chis Messina) matou o Boorman (Dylan Baker), pô! Já não
estava na cara que ele fez isso quando ele apareceu no alto da escada vivinho
da silva?! Tudo isso pra deixar claro que o Boorman matou os soldados do
Sanchez, por que não ter explicado tudo no depoimento do Sanchez para o cara da
CIA?! Teria funcionado bem melhor.
Mas o principal problema da temporada foi a patética e
vergonhosa Ellen Parsons, que em nada se parecia com a determinada e ambiciosa
Ellen das temporadas anteriores. Sim, Ellen foi ambiciosa nessa temporada,
ambiciosa e burra! Correndo para a sombra da Patty cada vez que o Boorman ferrava
com o caso. Os diálogos entre as duas podiam ser assim: “Ei, Patty, o que vamos
fazer hoje?” “A mesma coisa que fazemos à 7 episódios, Ellen: Tentar derrotar o
Erickson!” Tudo porcamente trabalhado, sendo salvo do verdadeiro fracasso pelo
talento excepcional de Glenn Close, Dylan Baker e John Goodman. Todos
trabalhando tão bem com o roteiro fraquinho que tinham em mãos, compensando
todo o sofrimento causado por essa temporada problemática.
No fim, a quarta temporada de Damages se salva pelo conjunto
da obra, ganhando apenas um satisfatório “Bom” no final de tudo. Entretanto, “Bom”
não é tão bom assim se levar em consideração que Damages era “Espetacular!”
anos atrás.
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