Se eu pudesse resumir minha experiência de assistir as duas
primeiras temporadas de The Good Wife em uma palavra, ela seria “Corre!”
Quando The Good Wife estreou dois anos atrás, lá estava eu
para acompanhar, mas logo o tímido drama jurídico sobre uma esposa traída pelo
marido político foi atropelado pelas outras quinhentas séries que temos numa
fall season, e TGW ficou lá, esquecida, até um mês atrás em que eu corri, ah
como corri, terminando os 10 últimos episódios da 1ª temporada e já colando na
2ª para dar tempo de ver tudo até a estreia da 3ª nesse domingo (que, por
sinal, foi muito boa).
E o saldo final dessa verdadeira maratona não podia ser
melhor, The Good Wife saiu de série tímida na primeira temporada para se transformar
em algo empolgante na 2ª.
Verdade seja dita: a 1ª temporada de TGW ficou muito no
lugar comum, com casos semanais e alguns eventuais arcos envolvendo os
personagens. Sim, os casos semanais eram ótimos, muito interessantes, mas
parecia estar vendo uma série procedural, sendo que a história dos próprios
personagens já renderiam muito. Acredito que esse lugar comum em que The Good
Wife ficou aconteceu devido a ser a primeira temporada, os roteiristas devem
ter ficados receosos de criar algo muito complexo já que a série podia ser
cancelada a qualquer momento.
Mas na 2ª temporada, vemos uma trama continua com a corrida
de Peter Florrick (Chris Noth) à novo Procurador do estado mesmo após o
escândalo com as prostitutas, e como isso afeta o trabalho e a vida pessoal de
Alicia (Juliana Margulies). A expansão do universo de The Good Wife fica mais
evidente com a entrada de novos personagens, como Derrick Bond (Michael Ealy) e
o sensacional Eli Gold (Alan Cumming). Eli foi uma das melhores aquisições da série,
é um personagem extremamente cativante e peculiar, seu arco com America Ferrera
(a eterna Ugly Beth) trouxe uma dimensão incrível para Eli e a química entre
Alan e Juliana Margulies é ótima.
Quimica boa mesmo é entre Josh Charles e Christine Baranski,
Will Gardner e Diane Lockhart, respectivamente, que é tão bem trabalhada no
arco envolvendo o FDP mor da temporada que foi Derrick Bond. Todos os atores em
The Good Wife funcionam muito bem e não se limitam a ficar presos em um só
núcleo, Eli interage com Diane, mas também tem ótimas cenas com Zach (Graham
Phillips), esse tem uma rápida e divertida interação com Kalinda (Archie
Panjabi) que se relaciona com Cary (Matt Czuchry) que se alia à Peter Florrick
que é filho de Jackie (Mary Beth Peil) que adora dar pitacos em Eli, que
comandava a campanha do filho.
A campanha de Peter foi um dos melhores momentos da
temporada, foi muito interessante ver os malabarismos do comitê eleitoral para
conseguir se sobressair nas pesquisas. Um dos melhores momentos da temporada
foi ver Will e Alicia se entendendo e assumindo a atração que um tem pelo
outro, coisa mais fácil do mundo é uma série jogar no lixo tudo o que tem de
bom por causa de um casal que deve ficar junto, mas só enrola Willicia talvez
seja o único casal da TV que funcione bem tanto separado quanto junto.
The Good Wife criou todo um universo no qual se sustentar,
principalmente pelos reencontros, afinal, muitas vezes a juíza “in my opinion”
deu as caras na série, ou então a peculiar e estabanada advogada Nacy Crozier
(Mamie Gummer). Tivemos também a mãezona e advogada Patti Nyholm (Martha
Pimptom). Incríveis participações especiais rechearam TGW e fez tudo
ficar muito gostoso de assistir, como Miranda Cosgrove (iCarly) em “Bad Girls”
ou a recorrente aparição do eterno Marty McFly também conhecido como Michael J.
Fox e foi simplesmente ótimo vê-lo atuando com maestria apesar de sofrer de Mal
de Parkinson a anos, sua participação em The Good Wife merece ser lembrada por
todos como um exemplo de superação.
Além de tudo isso, TGW consegue equilibrar as ótimas e inteligentes
cenas do tribunal com mais do que oportunas sacadas divertidas do roteiro,
fugindo mais uma vez do lugar comum fazendo uma série jurídica, que logo se
espera ser séria, algo leve de assistir ao mesmo tempo em que seus casos
semanais interessantes e muito bem trabalhados conseguem criar uma tensão
bacana que faz com que o sucesso de The Good Wife seja mais do que merecido.
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